Eduardo Ferreira
(ferreiraedu@terra.com.br)

 

1910 - PRIMEIRA PARTICIPAÇÃO DO TIRO BRASILEIRO EM EVENTOS INTERNACIONAIS

1910 – CARTAZ DO GRANDE CONCURSO PROMOVIDO PELO TIRO FEDERAL ARGENTINO EM HOMENAGEM AO CENTENÁRIO DA ARGENTINA

BICENTENÁRIO DA INDENPENDÊNCIA DA ARGENTINA

Em 1810, depois da abdicação do rei espanhol e com o vazio do poder, os chamados Vice-Reinados ganharam autonomia. Em Buenos Aires, os locais declararam que o “Cabildo” era o representante da vontade popular e foi formada a Primeira Junta de governo. Era 25 de maio e começava um processo de independência que culminaria em 09 de julho de 1816.

Duzentos anos depois, no dia 25 de maio deste ano, a cidade de Buenos Aires foi tomada por uma série de eventos culturais e artísticos para celebração da sua história. Cerca de seis milhões de argentinos, conforme a imprensa argentina, invadiu as ruas de Buenos Aires, da “Avenida 9 de Julio a Corrientes”, aglomerando-se em frente à Casa Rosada e ao remodelado Teatro Colón, construído em 1908, para assistir shows populares. Uma grande festa bem ao gosto do povo argentino.

Vários eventos esportivos marcaram a semana comemorativa, como jogo de futebol entre a seleção argentina e a equipe do Canadá, além de outras atividades esportivas. Destaque especial para as atividades esportivas da Federação Argentina de Tiro (FAT), que realizou uma extensa programação com a realização da “Copa Del Bicentenário” em todos os estandes de tiro do país, para celebrar a data. Histórica.

FESTIVIDADES DO CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA ARGENTINA

Voltando ao passado e retornando 100 anos atrás no tempo, iremos constatar por intermédio de documentos e revista da época, as festas comemorativas do Centenário da Independência da Argentina em 1910. O notável Rui Barbosa foi o representante do Brasil nas festas do Centenário da Independência.

O Tiro também teve a sua presença importante naquela época. Cabe ressaltar que o Tiro era muito conceituado no início do século XIX na Argentina, recebendo uma atenção especial do exército argentino. Em 1891 foi criado o Tiro Federal Argentino, seguido de outras organizações semelhante pelas demais províncias, sempre com o mesmo dístico emoldurando as entradas dos polígonos “Aqui se aprende a defender a Pátria”. Interessante notar, que o mesmo dístico de origem do exército francês também foi usado no Brasil e até hoje o nosso estande da Vila Militar, fundado em 1917, guarda em sua entrada principal a mesma frase.

Em 1903 a Argentina promoveu um Campeonato Mundial de Tiro com a sua equipe de fuzil de guerra vencendo a equipe norte-americana. Em 1905 foi criada com o apoio do exército argentino a “Dirección General de Tiro”, organização militar que foi estabelecida para dirigir e controlar as agremiações do Tiro Federal argentino.

Fatos muitos semelhantes ocorreram no Brasil na mesma época. Após a fundação do Tiro Nacional em 1899, no Rio Grande do Sul, através de um trabalho cívico idealizado pelo gaúcho Antônio Carlos Lopes e inspirado no modelo do serviço militar da Suíça, o Ministro da Guerra General Hermes da Fonseca determinou a construção de inúmeras Linhas de Tiro em todo território nacional, com a finalidade de incrementar a prática do Tiro ao Alvo e a Instrução militar do Exército brasileiro.

Logo em seguida foi criada a Confederação do Tiro Brasileiro (CTB), oficializada pelo Decreto No. 1503, de 05 de setembro de 1906, com sua sede estabelecida na cidade do Rio Grande, no Rio Grande do Sul, ficando subordinada ao Estado-Maior do Exército Brasileiro.


Mais tarde, em 1917, o General Hermes da Fonseca resolveu transferir a sede da Confederação do Tiro Brasileiro para o Rio de Janeiro, instalando-a junto ao Ministério da Guerra e foi criada a Diretoria Geral do Tiro de Guerra (DGTG), ficando diretamente subordinada ao Estado-Maior do Exército. Em razão dessa medida, as sociedades civis

Desapareceram, permanecendo somente os Tiros de Guerra.


Remanescente daquele tempo e ainda hoje se encontra em plena atividade, o Centro Cultural e Desportivo Tiro 4, originário do Tiro 4, fundado em 24 de fevereiro de 1906 em Porto Alegre pelo Coronel Germano Steigleder. Três representantes do tradicional Clube do Tiro 4 , Sebastião Wolf, Dario Barbosa e Norberto Schmidt, além dos cariocas Alberto David Braga e Fernando Soledade integraram a primeira equipe brasileira participante da Copa Centenário, ocorrida em 1910 no Tiro Federal de Buenos Aires, conquistando uma medalha de bronze por equipe na prova de pistola.

Na realidade essa foi a primeira representação do Tiro Brasileiro a participar de um evento internacional e não como pensam muitos brasileiros nos Jogos Olímpicos de Antuérpia realizados em 1920.


por Eduardo Ferreira
Recordista e campeão brasileiro de armas longas da CBTE e das Forças Armadas. Ex vice-presidente da CBTE e da federação do DF, ex presidente das federações do RJ e CE, e diretor das federações da PB e RS. Autor de "Arma Longa" e "História do Tiro"
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