Eduardo Ferreira
(ferreiraedu@terra.com.br)

1954 - INAUGURAÇÃO DAS SILHUETAS NO FLUMINENSE

Convidados, dirigentes e atiradores prestigiando a inauguração
 das silhuetas no Estande do Fluminense

1. As primeiras provas de silhuetas

O Tiro Rápido antigamente era chamado de Tiro às Silhuetas, alguns anos mais tarde a prova passou a ser chamada de Tiro Rápido às Silhuetas. Com a decisão da ISSF de modificar os alvos com a forma humana para a forma circular, a modalidade teve a denominação mudada para Tiro Rápido. O curioso é que as primeiras silhuetas foram construídas de metal, no início do século XX, retratando um homem na posição de perfil e possuindo cinco zonas. A silhueta figurava um homem com a altura média de 1.70m de altura. Essas primeiras silhuetas de metal foram utilizadas no treinamento de tiro do exército francês e também nas provas militares da época.

Essa modalidade era disputada no meio militar na Argentina e no Brasil. Cheguei a participar desse tipo de prova em Paso de Los Libres, na década de 70, competindo com os militares argentinos, adeptos dessa modalidade, na fronteira com a cidade de Uruguaiana. A prova consistia em disparar 30 tiros, com duas séries de cinco tiros no tempo de 10, 08 e 06 segundos, competindo com calibre  .45.

Posteriormente as silhuetas de metal foram modificadas, substituídas por alvos de papel, no formato de uma silhueta humana em posição frontal, colados sobre armações de madeira. Os tempos eram cronometrados pelo diretor da prova e o início da prova era feito através de silvo de apito para iniciar e terminar a série.

O Exército Brasileiro organizou várias provas desta última modalidade (cinco silhuetas frontais), em suas competições militares, mais precisamente nas Olimpíadas do Exército, eventos criados entre 1969 e 1974, período em que o Tiro Militar foi muito desenvolvido, surgindo excelentes atiradores que brilharam no tiro civil. Os atiradores competiam com  pistolas .45 “preparadas” por um bom armeiro. Os projéteis .45 eram desmontados e remontados novamente utilizando menor quantidade de pólvora, sendo esta substituída por uma de melhor qualidade, proporcionando um melhor desempenho da arma e consequentemente uma maior pontuação.

2. Participação de atiradores brasileiros em provas olímpicas de silhuetas

As primeiras pistolas de competição na época dos Jogos Olímpicos na década de 30 eram muito rústicas e usavam calibre “22 long rifle”, posteriormente, a munição foi mudada para a munição cal 22 “short”. Nossos atiradores, participantes dos Jogos Olímpicos de 1932 em Los Angeles e em 1948 em Londres, utilizavam pistolas com calibre “22 long rifle”. Mais tarde, na década de 40, as pistolas foram confeccionadas com “freio de boca” para diminuir o ângulo de salto da arma. As marcas mais utilizadas na época eram “High-Standard”, Beretta e “Walther”. Esses foram os resultados dos brasileiros nesses Jogos Olímpicos:

a.      Jogos Olímpicos de Los Angeles (1932)

Pistola – Silhuetas – 19 participantes

13º Eugênio Caetano do Amaral (PR) -17

15º Braz Magaldi (MG)  -15

17º Antônio Ferraz da Silveira (DF)  -15

b.      Jogos Olímpicos de Londres (1948)

Tiro Rápido às Silhuetas – 59 participantes

30º Pedro Simão (SP)  - 540

34º Álvaro José dos Santos Jr (DF) - 527

56º Alan Sobocinski (SP) - 490

3. Inauguração das silhuetas  

Na década de 50, as silhuetas foram construídas com funcionamento mecânico e eram acionadas mediante o toque de campainha do diretor da prova que também era cronometrista. O auxiliar localizado na trincheira movia o conjunto de silhuetas através uma alavanca, mediante o toque de campainha para abrir e fechar as silhuetas, conforme o tempo previsto (8, 6 e 4 segundos). No Fluminense, o funcionário encarregado da tarefa de mover as silhuetas chamava-se Adalberto. Esse cearense, de braço direito fortalecido por acionar as silhuetas, era muito respeitado e querido pelos atiradores, funcionando nos treinamentos dos atiradores com muita precisão, mesmo quando não havia cronometrista e diretor de prova.

Dessa maneira pode-se avaliar a alegria dos atiradores dessa modalidade quando foi inaugurado em 1954 no “stand” do Fluminense um novo conjunto elétrico de silhuetas, com uma minuteria elétrica especialmente confeccionada pelo atirador gaúcho Alberto Burgel. A cerimônia de inauguração contou com a presença dos dirigentes do Fluminense, do Secretário-Executivo da Comissão Desportiva das Forças Armadas (CDFA), especialmente convidado, o Coronel Pedro Geraldo de Almeida. Mais tarde já no posto de General de Brigada, este notável esportista militar foi Comandante da AMAN em 1962 e Chefe da Casa Militar do Presidente Jânio Quadros.

Vários dirigentes e atiradores prestigiaram o evento. Convém ressaltar que a partir da inauguração das silhuetas, a Federação Metropolitana teve um grande desenvolvimento técnico nesta modalidade, revelando novos campeões brasileiros como: Luiz Novaes, Silvino Ferreira, Álvaro Santos, Evandro Guimarães, Aluizio Teixeira, Eddielys Guimarães.  

 

 

Silhueta Militar
Metálica

 
Tiro às Silhuetas - FFC

                                                                                            

                                                

                      


por Eduardo Ferreira
Recordista e campeão brasileiro de armas longas da CBTE e das Forças Armadas. Ex vice-presidente da CBTE e da federação do DF, ex presidente das federações do RJ e CE, e diretor das federações da PB e RS. Autor de "Arma Longa" e "História do Tiro"
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