JOGOS DESPORTIVOS LUSO-BRASILEIROS

Criação e Organização dos Jogos

Os Jogos Desportivos Luso-Brasileiros foram estabelecidos entre a CBD e Comitê Olímpico Português, no período de 1960 até 1972, com a realização de competições de várias modalidades esportivas. Os Jogos serviram também como preparação para os Jogos Pan-Americanos que ocorreram em São Paulo em 1963. Além disso, foram muito importantes para a aproximação entre Brasil e Portugal em clima de amizade e de confraternização.

Os Jogos revestiam-se de características especiais e foram considerados como organização única do gênero no mundo do desporto. Ao serem criados, estavam previstos para serem realizados de três em três anos, em sedes alternadas, começando o ciclo em Lisboa, como homenagem a Portugal em suas comemorações henriquinas. Os Jogos foram programados de comum acordo entre a Confederação Brasileira de Desportos (extinta posteriormente) e as autoridades portuguesas. E, como característica singular, não havia prêmios coletivos ou individuais, permitindo-se a distribuição de medalhas comemorativas a todos os participantes. Também era recomendado que fossem realizados de preferência em várias cidades, dando maior amplitude no país da sua realização. 

O Tiro foi inserido na agenda dos Jogos e os atiradores da Confederação Brasileira de Tiro ao Alvo e da Federação Portuguesa de Tiro travaram memoráveis competições de tiro nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Lisboa, Porto, Luanda e Lourenço Marques e Moçambique (colônias Ultramarinas de Portugal) na época. Outras competições foram realizadas reunindo as seguintes modalidades esportivas: atletismo, basquetebol, voleibol, handebol, hipismo, hóquei, natação, remo, tênis de mesa, e vela.

Os Primeiros Jogos foram previstos para a cidade de Lisboa, no período de 7 a 14 de agosto de 1960. A competição foi realizada em bom nível técnico, porém os nossos carabineiros estranharam muito o estande, pois atiraram em cima de mesas na posição deitado como os demais estandes da Europa.

Os II Jogos foram realizados no Brasil em 1963, sendo que a delegação portuguesa ficou hospedada nas instalações da Escola Naval, no Rio de Janeiro. As provas foram programadas para o Rio de janeiro (estande do Fluminense), Belo Horizonte (Clube dos Caçadores) e em São Paulo (Tietê).

Em sua terceira edição, ocorrida em julho de 1966, foram 15 dias de competições desportivas completadas com manifestações de caráter cultural, social e humano; 13 cidades e vilas da Metrópole e oito nas províncias ultramarinas de Angola e Moçambique, que acolheram as delegações desportivas, permitindo às respectivas populações presenciarem as provas constituídas por 13 desportos, dois festivais que corresponderam à abertura e encerramento dos Jogos, respectivamente em Lisboa e Luanda.

Houve 13 competições internacionais entre Portugal e Brasil e 45 competições, das quais 21 na Metrópole e 24 no Ultramar; 162 desportistas integrados na delegação brasileira, entre dirigentes, técnicos e atletas; 500 desportistas constituíram todo o conjunto integrado; 148 atletas (masculino e feminino) da delegação brasileira formaram a maior concentração jamais registrada numa única instalação – INEF – com a circunstância de que esses atletas assim instalados, separadamente por sexos, dispunham de recintos desportivos adequados às várias modalidades para poder treinar. Além das competições oficiais, eram permitidas também competições ou exibições de caráter amistoso entre as equipes visitantes e entidades ou associações locais.

Os IV Jogos de 1972 foram previstos para Portugal no período de 23 de julho a 07 de ago e ocorreram em ambiente de amizade entre as duas equipes participantes. Na prova de carabina deitado o grande destaque foi o carabineiro Waldemar Capucci que estabeleceu um novo recorde brasileiro com a marca de 596 pontos.

b.    Resultados das provas de tiro

1) 1960 - I Jogos – Lisboa

a) 50M Carabina Deitado

10	Edmar Vianna de Salles	BRA	582
20	Luiz Artigas Martins	BRA	577
50	Adhaury da Costa Rocha	BRA	566

b) 50M Pistola Livre

20	Amaury da Costa Rocha	BRA	534
30	Pedro Simão	BRA	516
50	Álvaro José dos Santos Junior	BRA	510

c) 25M Pistola de Tiro Rápido

10	Amaury da Costa Rocha	BRA	558
20	Pedro Simão	BRA	558
30	Adhaury da Costa Rocha	BRA	547

2) 1963 – II Jogos – Rio de Janeiro – Belo Horizonte e São Paulo

1) RIO DE JANEIRO

a) 50M Carabina Deitado

10	Adhaury da Costa Rocha	BRA	585
20	Carlos Antônio dos Santos	BRA	580
60	Aluizio P. Teixeira	BRA	554

b) 50M Pistola Livre

20	Francisco Pereira Estrela	BRA	528
30	Álvaro José dos Santos Júnior	BRA	523
40	Silvino Fernandes Ferreira	BRA	514

c) 25M Pistola de Tiro Rápido

10	Silvino Fernandes Ferreira	BRA	566
20	Adhaury da Costa Rocha	BRA	563
30	Aluízio P.Teixeira	BRA	546

3) BELO HORIZONTE

a) 50 M carabina Deitado

10	Durval Ferreira Guimarães	BRA	578
20	Álvaro Júlio Pielusch. Altmann	BRA	574
30	Adhaury da Costa Rocha	BRA	568

b) 50M Pistola Livre

10	Álvaro José dos Santos Júnior	BRA	520
30	Durval Ferreira Guimarães	BRA	516
40	Aluízio P. Teixeira	BRA	511

c) 25M Pistola de Tiro Rápido

10	Adhaury da Costa Rocha	BRA	570
20	Leonel David Amaral	BRA	565
30	Aluízio P. Teixeira	BRA	563

4) SÃO PAULO

a) 50M Carabina Deitado

20	Durval Ferreira Guimarães	BRA	582
30	Mário Soubhia	BRA	579
50	Álvaro José dos Santos Neto	BRA	572

b) 50M Pistola Livre

10	Benevenuto Tilli	BRA	530
30	Durval Ferreira Guimarães	BRA	523
40	Alan Sobocinski	BRA	518

c) 25M Pistola de Tiro Rápido

10	Alan Sobocinski	BRA	562
30	Durval Ferreira Guimarães	BRA	555
50	Pedro Simão	BRA	549

III Jogos – 1966 – Porto – Lourenço Marques – Lisboa

1)    Porto

a)    50M Carabina Deitado

10	Adhaury da Costa Rocha	BRA	590
20	Durval Ferreira Guimarães	BRA	585
30	Milton Sobocinski	BRA	581

b)   50M Pistola Livre

10	Durval Ferreira Guimarães	BRA	533
30	Benevenuto Tilli	BRA	520
50	Francisco Pereira Estrella	BRA	511

c)     25M Pistola de Tiro Rápido

10	Benevenuto Tilli	BRA	588 (*)
20	Adhaury da Costa Rocha	BRA	575
30	Durval Ferreira Guimarães	BRA	572

OBS: (*) Novo recorde brasileiro

2)  LOURENÇO MARQUES

a)  50M Carabina Deitado

20	Milton Sobocinski	BRA	580
30	Durval Ferreira Guimarães	BRA	575
50	Adhaury da Costa Rocha	BRA	578

b) 50M Carabina e Posições

10	Durval Ferreira Guimarães	BRA	1074
40	Milton Sobocinski	BRA	1050
50	Silvino Fernandes Ferreira	BRA	1035

3)     LISBOA

a)    50M Carabina Deitado

10	Adhaury da Costa Rocha	BRA	574
30	Durval Ferreira Guimarães	BRA	568
50	Milton Sobocinski	BRA	558

b)   50M Pistola Livre

10	Benevenuto Tilli	BRA	537
20	Francisco Pereira Estrela	BRA	534
30	Durval Ferreira Guimarães	BRA	529

c)     25M Pistola de Tiro Rápido

10	Adhaury da Costa Rocha	BRA	567
20	Silvino Fernandes Ferreira	BRA	566
30	Benevenuto Tilli	BRA	559

4. IV JOGOS – 1972- Lisboa

a)     50m Carabina Deitado

10	Waldemar Capucci	BRA	596 (*)
	Cláudio de Barros Michelini	BRA
	Alberto Pereira Braga	BRA

OBS: (*) Novo recorde brasileiro

c. Conclusão

Os Jogos Desportivos Luso-Brasileiros foram de grande importância para o desenvolvimento esportivo entre os dois países, com trocas de experiências e de conhecimentos técnicos entre os atletas. Serviram, acima de tudo, para estreitar ainda mais os laços de amizade e de união entre os dois países coirmãos em competições esportivas bem organizadas em locais diferentes dos territórios luso-brasileiros.

Foi uma experiência inusitada e bastante positiva em vários aspectos tanto cultural quanto desportivo para ambos os países. Somente houve medalhas comemorativas para todos os atletas que serviram para aumentar o grau de descontração entre as equipes.

No Tiro, os resultados das competições serviram apara o aparecimento de novos atletas e de novos avanços técnicos numa época em que havia poucas competições internacionais no Brasil.Os grandes nomes dos Jogos foram os brasileiros Durval Guimarães, Benevenuto Tilli e Waldemar Capucci que apresentaram resultados bem significativos.

 

   

     Selo e medalha comemorativa dos II Jogos (1963)

por Eduardo Ferreira
Recordista e campeão brasileiro de armas longas da CBTE e das Forças Armadas. Ex-vice-presidente da CBTE e da federação do DF, ex-presidente das federações do RJ e CE, e diretor das federações da PB e RS. Autor de "Arma Longa", "História do Tiro" e “Manual de Organização de Provas de Tiro”; Professor de História da Educação Física da Faculdade da Grande Fortaleza. Coordenador do Curso de Educação Física da FGF
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