Eduardo Ferreira
(ferreiraedu@terra.com.br)

CRIAÇÃO DOS CAMPEONATOS CENTRO-BRASILEIROS

1. PRIMEIRO CAMPEONATO CENTRO-BRASILEIRO (1973)


Em 1972, Dr. Antônio Martins Guimarães, vítima de uma grave doença deixava a presidência da Confederação Brasileira de Tiro. Em seu lugar foi eleito por unanimidade o Coronel da Reserva Hugo de Sá Campello Filho, apoiado por todas as federações devido ao seu eficiente trabalho organizando o IV Campeonato Sul-Brasileiro, realizado no Rio de Janeiro e vencido brilhantemente pela equipe brasileira, que contou com a participação de dez delegações da América do Sul.

Dr. Guimarães não pode concretizar o seu sonho de ver a realização de três campeonatos regionais, levando o Tiro Esportivo para todas as regiões do País, porém deixou um importante legado para o seu sucessor. Os campeonatos regionais foram de grande relevância para o desenvolvimento do Tiro Esportivo, uma vez que com o surpreendente crescimento do número de atiradores participantes do Campeonato Brasileiro, era quase impossível promover um campeonato de tal magnitude no velho estande da Vila Militar, fundado em 1917. Por essa razão foram organizados os campeonatos regionais, diluindo o número de competidores pelos eventos programados nos estados, aliviando o estande da Vila Militar.

Através dessa decisão o Tiro Esportivo viveu um grande momento de crescimento e de projeção, com a construção de novos estandes, filiação de vários atiradores, surgimento de novos clubes, abertura da importação de armas e munições pelas federações e importantes títulos internacionais conquistados.  

Assim, o Coronel Sá Campello cumpriu a sua parte e deu continuidade aos campeonatos regionais, promovendo em 1973 no estande do Barro Branco, da Academia da Polícia Militar de São Paulo o I Campeonato CENBRA, com as participações das federações do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e do Espírito Santo. Posteriormente, deu seqüência alternando anualmente as sedes dos campeonatos nesses estados. A Federação Brasiliense criada também em 1973 veio se juntar aos CENBRAs em 1974.

Em 1975 aconteceu um fato relevante e histórico com o retorno do Tiro ao Prato ao Tiro Esportivo, filiando-se à CBTA e desligando-se da Confederação Brasileira de Caça e Tiro, sendo que as provas de skeet e fossa passaram a ser disputadas juntamente com o tiro à bala a partir de 1977. Foi uma volta aguardada para o crescimento do esporte, mas que demorou a acontecer, pois, desde 1942 o Tiro ao Prato estava sob o controle daquela entidade e não tinha uma projeção devida em eventos internacionais.

Dessa forma, os CENBRAS ganharam um novo impulso com os melhores atiradores de bala e prato do Brasil disputando provas simultâneas, permitindo um maior entrosamento e confraternização entre os atletas. Esse fato foi fundamental para uma melhor participação nas provas internacionais que vieram a seguir, notadamente os Torneios Benito Juarez e os Campeonatos das Américas, onde ocorriam provas de todas as modalidades do Tiro. Foi sem dúvida um período de grandes conquistas e títulos para o Tiro Brasileiro.  

A partir de 1983 a Federação Paulista de Tiro ao Alvo (10/06/1946) preferiu se afastar, por motivos desconhecidos dos CENBRA e passou a disputar os SULBRA até 1988, quando retornou definitivamente às provas do CENBRA.

2. CONCLUSÕES

Os campeonatos regionais NORTE-NORDESTE, CENBRA E O SULBRA se tornaram necessários e famosos, ficando somente atrás em importância dos campeonatos brasileiros. Vários atiradores despontaram em várias categorias, como as damas e os juniores, e vieram a fazer parte de equipes nacionais, brilhando em provas internacionais. O rodízio de sede foi outro fator relevante, pois permitiu uma grande confraternização e transparência entre atiradores e seus familiares. Era uma grande festa que infelizmente sofreu interrupções e hoje infelizmente constatamos que a CBTE, por várias razões, não deu continuidade à programação dos campeonatos regionais.


Os CENBRA viveram momentos memoráveis, com um expressivo número de participantes, marcas e recordes estabelecidos em campeonatos com estandes de bons níveis técnicos, como foram os estandes do Clube do Barro Branco (São Paulo); Clube Mineiro de Caçadores e o Estande das Mangabeiras (Polícia Militar de Minas Gerais); General Darcy Lázaro (Brasília)  e o Estande Nacional da Vila Militar (Rio de janeiro).

3. RESULTADOS DOS CAMPEONATOS CENTRO-BRASILEIROS

NR

ANO

LOCAL

FED CAMPEÃ

OBS

I

1973

São Paulo

FPTA

Bala

II

1974

     

III

1975

     

IV

1976

Brasília

FPTA

Bala + Skeet

V

1977

Belo Horizonte

FPTA

Bala/Prato

VI

1978

São Paulo

FPTA

Bala/Prato

VII

1979

Belo Horizonte

 

Bala/Prato

VIII

1980

Rio de Janeiro

FPTA

Bala/Prato

IX

1981

São Paulo

FPTA

Bala

X

1982

Belo Horizonte

FTRJ

Bala

XI

1983

Brasília

FTRJ

Bala

XII

1984

Rio de Janeiro

FTRJ (Avulso)

Bala/Prato

XIII

1985

Belo Horizonte

FTRJ

Bala/Prato

XIV

1986

Brasília

 

Bala

XV

1987

Rio de Janeiro

FEsTA

Bala

XVI

1988

Belo Horizonte

FTRJ

Bala

XVII

1989

Belo Horizonte

 

Bala

XVIII

1990

Rio de Janeiro

FTRJ

Bala

XVII

1991

Rio de Janeiro

FTRJ

Bala

XXII

1993

     

XXIII

1994

     

XXIV

1995

Rio de Janeiro

FPTA

 

XXV

1996

     

XXVI

1997

Belo Horizonte

   

XXVII

1998

Brasília

   

XXVIII

1999

Americana

FPTA

Bala/Prato

XXIX

2000

Americana

   

XXX

2001

Brasília

 

I Copa DF

XXXI

2002

Brasília

   

XXXII

2008

Rio de Janeiro

(CNTE)

IX Copa

 


por Eduardo Ferreira
Recordista e campeão brasileiro de armas longas da CBTE e das Forças Armadas. Ex vice-presidente da CBTE e da federação do DF, ex presidente das federações do RJ e CE, e diretor das federações da PB e RS. Autor de "Arma Longa" e "História do Tiro"
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