Eduardo Ferreira
(ferreiraedu@terra.com.br)

 

2009 - TRISTE CAMPEONATO BRASILEIRO

Logo após a realização do último Campeonato Brasileiro, as caixas de entradas dos atiradores estavam cheias de emails com críticas e reclamações sobre esse evento organizado pela CBTE. A grande maioria das observações se tornou pertinente, tendo em vista que houve realmente falhas e omissões na organização e no andamento das provas.

Os dirigentes da Confederação devem estar muito atentos a essas críticas, pois somente com transparência e com aceitação das observações dos atiradores, que são a razão de ser da existência da CBTE, poderá haver credibilidade e o crescimento da entidade com benefícios para todos. Creio não ser necessário enfatizar que sem atletas não pode haver uma entidade desportiva que defenda os interesses da modalidade. Convém também lembrar que as promessas se tornam vãs se não são cumpridas.

Passemos então às criticas levantadas pelos atiradores. A primeira reclamação foi a da não realização da Cerimônia de Abertura, por razões não explicadas, mesmo que o evento não contasse com a presença do Presidente, outro representante poderia substituí-lo e presidir a cerimônia. A outra falha também da organização foi a de não promover o Congresso Técnico, ficando os atiradores, mais uma vez, sem a oportunidade de contatar com os dirigentes, retirar dúvidas, conhecer novos atiradores, tomar conhecimento de novas regras, etc.

Não esquecer que foram inseridas nas promessas de campanha da presidência que haveria a composição de um colegiado, formado pelos presidentes das federações, para tratar do esporte. Portanto perdeu-se uma boa oportunidade para a realização de um congresso com esse objetivo. Tanto a Cerimônia de Abertura, como o Congresso Técnico estão contidos no Estatuto da ISSF, aquela que dirige o Tiro Esportivo, e trazem o caráter obrigatório no nosso esporte. Para que elaborar um novo Estatuto da CBTE se nós não conseguimos seguir e cumprir os nossos próprios regulamentos?

Não poderia esquecer a razão maior das críticas que foi a ausência da Cerimônia de Premiação, sem um simples cerimonial e um responsável pela condução da entrega das medalhas. Sempre é bom lembrar que para um atirador novato a premiação se constitui no momento todo especial de qualquer atleta, principalmente para quem está iniciando no esporte. Além da qualidade da medalha (plástico), ser inadequada para a importância do evento. O que mais me admira é que a Confederação possui em seus quadros dirigentes que já foram atiradores e não se lembram mais disso. Simplesmente esqueceram ou acham que não valem a pena!

A minha observação e que não constava do rol de reclamações foi quanto à observação dos resultados da maioria dos atiradores que apresentaram maus resultados nas finais disputadas. A CBTE deverá ter consciência que as provas on line são ideais para o lado financeiro (bolso) do atirador, com economia no transporte, alimentação e hospedagem, porém não guardam os benefícios esportivos de se competir nas mesmas condições técnicas, dentro de um clima de competição de alto nível, participando lado a lado com um atirador da classe e da categoria de um Júlio de Almeida.

Houve pouquíssimas competições no ano sem as finais e que mexem com os nervos dos atiradores. Portanto acho que o calendário de ter além das provas on line, um maior número de provas com finais ao longo do ano, particularmente para aqueles atiradores “Top de Linha” e que precisam participar de provas nos mesmos moldes das competições internacionais.

É necessário que a direção técnica da CBTE tenha como foco principal a elevação dos índices dos nossos atiradores uma vez que o Brasil irá sediar grandes eventos até os Jogos Olímpicos e precisa ter respaldo junto à mídia esportiva, com atiradores brasileiros estabelecendo excelentes marcas e conquistando posições de destaque em provas internacionais.


por Eduardo Ferreira
Recordista e campeão brasileiro de armas longas da CBTE e das Forças Armadas. Ex vice-presidente da CBTE e da federação do DF, ex presidente das federações do RJ e CE, e diretor das federações da PB e RS. Autor de "Arma Longa" e "História do Tiro"
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