1920
- JOGOS OLÍMPICOS DE ANTUÉRPIA
1.
Cerimônia de Abertura
Para que não paire dúvidas sobre o artigo publicado
no site da CBTE, intitulado “Afrânio Costa –
um herói quase esquecido”, onde está registrado
que a fonte foi o Jornal de São Paulo, cabe uma correção
baseada nos documentos e fotos do próprio Afrânio,
que estão contidos no livro SONHO E CONQUISTA, editado
pelo COB em 2004.
Convém
lembrar que a cidade de Antuérpia foi escolhida pelo Comitê
Olímpico Internacional (COI) para sediar os VII Jogos Olímpicos,
devido à resistência heróica que os habitantes
daquela cidade portuária ofereceram às tropas alemãs
durante a ocupação do território belga. Na
invasão da Bélgica as tropas germânicas destruíram
as instalações militares, inclusive o estande de
tiro, razão pela qual as provas de tiro foram disputadas
“em campo aberto...”, no Campo de Manobra Militar
de Beverloo.
A
Cerimônia de Abertura foi presidida pelo Rei Alberto I da
Bélgica e contou com a presença do criador dos Jogos
Olímpicos – Barão Pierre du Coubertin e do
Presidente do COI - Henri de Baillet-Latour . Apesar do pouco
tempo que dispunha para o início dos Jogos e devido aos
grandes gastos com a I Guerra Mundial, o Rei Alberto construiu
um estádio especialmente para a Cerimônia de Abertura
e as provas de atletismo.
Na
Cerimônia de Abertura a delegação brasileira
desfilou no estádio, tendo logo atrás do portador
da placa dos países, com o nome do Brasil escrito em francês,
o chefe da delegação Roberto Trompowsky e o capitão
da delegação de tiro Dr. Afrânio Costa, também
atirador da equipe. Imediatamente atrás, como pode ser
visto na fotografia do livro editado pelo Comitê Olímpico
Brasileiro (COB), três oficiais do Exército Brasileiro
marchando garbosamente. Mais atrás vinham os atletas do
tiro, remo, pólo aquático e natação.
Ao
contrário do que afirma o site da CBTE, é o tenente
Guilherme Paraense que conduz a Bandeira Nacional no desfile de
Abertura dos Jogos e não o Dr. Afrânio Costa. Paraense
desfilou ladeado pelos tenentes Demerval Peixoto e Mário
Maurity.(foto 01)
2.
Diretor de Tiro do Fluminense
O Dr. Afrânio Costa, nomeado diretor de tiro do Fluminense
pelo Presidente Arnaldo Guinle, foi o responsável pela
construção do primeiro estande do Fluminense, em
03 de agosto de 1919, próximo ao ginásio e onde
se situam as atuais quadras desportivas e o bar da piscina. Mais
tarde, em 1934 construiria o segundo e atual estande de tiro,
com recursos arrecadados pelos próprios atiradores.
Apesar
da amizade e do respeito que sempre lhe foi dedicado pelos inúmeros
presidentes do clube e devido às suas nobres funções
públicas e com a difícil tarefa de chefiar a Federação
Brasileira de Tiro (FBT) e mais tarde a Confederação
Brasileira de Tiro (CBTA), nunca se candidatou ou ocupou a função
de presidente do Fluminense, sempre exercendo o cargo de diretor
de tiro, preocupando-se com a sua paixão maior –
o Tiro.
3.
Dr. Afrânio Costa – um herói quase
esquecido
Neste item, o Jornal Folha de São Paulo acertou plenamente,
pois Dr. Afrânio Antônio da Costa foi o primeiro medalhista
olímpico brasileiro, conquistando a medalha de prata na
prova de pistola livre, além de receber a medalha de bronze
por equipe naquela modalidade. A prova de pistola livre transcorreu
um dia antes da prova de revólver, onde Paraense obteve
o ouro com o revólver conseguido junto aos americanos,
através do capitão da equipe brasileira –
Dr. Afrânio (foto 2 – dois medalhistas).
Não
obstante a sua participação marcante na História
do Tiro Brasileiro como destacado atleta e insigne dirigente,
foi também um personagem que muito dignificou o esporte
olímpico brasileiro. No entanto, ao se dar o nome do novo
estande da Vila Militar (CNTE) de Tenente Guilherme Paraense,
não foi observado ou foi esquecido o fato, que em 1989
o Exército Brasileiro, por intermédio do antigo
Ministro do Exército e atirador tricolor - General Leônidas
Pires Gonçalves, prestando uma justa homenagem ao Tenente
Paraense, deu ao moderno polígono da AMAN o nome Polígono
de Tiro Tenente Guilherme Paraense. Perdeu-se, assim, uma ótima
oportunidade de se homenagear um dos heróis olímpicos
e o maior ícone do Tiro Esportivo Brasileiro – Dr.
Afrânio Antônio da Costa.
Foto 01 – pág 20 do Livro do COB – Sonho e
Conquista - 2004
Foto
02 – Afrânio (esquerda) e Paraense (direita)
pág 116 do Livro História do Tiro ao Alvo
por Eduardo Ferreira
Recordista e campeão brasileiro de armas longas da CBTE
e das Forças Armadas. Ex vice-presidente da CBTE e da federação
do DF, ex presidente das federações do RJ e CE,
e diretor das federações da PB e RS. Autor de "Arma
Longa" e "História do Tiro"
ferreiraedu@terra.com.br