Eduardo Ferreira
(ferreiraedu@terra.com.br)

Construção do Estande de Tiro do Fluminense


No dia 03 de agosto de 1919, foi inaugurado nas dependências do Fluminense Football Club, o estande de tiro do clube. Embora fosse pequeno, era muito agradável. Possuía seis “boxes” nas distâncias de 25 e 50 metros e foi construído ao lado do atual ginásio de esporte. Dr. Afrânio Costa, sócio ilustre do clube, usando do seu incontestável prestígio junto ao Presidente Arnaldo Guinle, convenceu a diretoria sobre a importância da construção e esteve à frente das obras durante todo tempo da construção.
Os atiradores receberam com muita alegria o novo estande, localizado no clube de maior projeção da época e em local mais próximo para os treinamentos do que o Revólver Club e o Estande Nacional. Para se ter uma idéia das dificuldades de competir no Estande Nacional, o atirador tinha que sair de madrugada de casa e pegar um trem conduzindo o seu armamento, desembarcar na estação de Deodoro e pegar uma nova condução para chegar ao estande na Vila Militar.

Assim, o estande do Fluminense, situado no bairro nobre das Laranjeiras, permitia um fácil acesso aos atiradores, que ainda poderiam guardar o seu armamento nos armários do clube, após os treinos e provas. E foi com essas características que o Tiro Esportivo recebeu este novo impulso e começou a crescer, culminando com a participação vitoriosa da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos da Antuérpia.

Sob a orientação de seu diretor de tiro – Dr. Afrânio e contando com a presença de todos os mestres do Rio de Janeiro, foi realizado o concurso inaugural com muito brilhantismo.
“A prova do campeonato de revólver foi vencida pelo atirador de 1ª classe – Alberto Braga Filho, que com uma bala de handicap alcançou 239 pontos.
O vencedor, filho do conhecido atirador Alberto David Pereira Braga, campeão do Brasil quatro vezes, duas vezes no Revolver Club figura de maior destaque na representação brasileira no Campeonato Pan-Americano de Tiro de Guerra, realizado em 1910, em Buenos Aires.
Da prova de fuzil, cuja distância tornava difficil a precisão da pontaria, foi vencedor o consagrado campeão Alberto Navarro Meirelles do TG – 7.
Fez-se o progresso rápido de muitos sócios do Fluminense que com um treinamento mínimo alcançaram optimas collocações nas provas, destacando-se os atletas Raymundo Castro Maya, Fernando Machado e Carlos de Oliveira Junior”

Esses foram os principais resultados:
a)Revolver 25 metros

1º) Alberto Braga Filho – 239 pontos
2º) Alberto Pereira Braga – 226 pontos
3º) Raymundo Castro Maya – 221 pontos
4º) Hermann Schuback – 219 pontos

b)Fuzil Mauser – 50 metros

1º) Alberto Navarro Meirelles – 75 pontos
2º) Oscar Ferreira de Carvalho – 71 pontos
3º) Antônio Monteiro de Queiroz – 70 pontos
4º) Heitor Vieira

c)Prova de armas reduzidas (carabina)

1º) Manoel Joaquim Ramos – 95 pontos
2º) Alberto Meirelles – 89 pontos
3º) José Joaquim Correia da Costa – 85 pontos

Esses dois novos estandes, Estande Nacional e do Fluminense, além do Revólver Club, foram os alicerces do sucesso dos atiradores brasileiro, sob a édige importante da Diretoria Geral dos Tiros de Guerra.


por Eduardo Ferreira
Recordista e campeão brasileiro de armas longas da CBTE e das Forças Armadas. Ex vice-presidente da CBTE e da federação do DF, ex presidente das federações do RJ e CE, e diretor das federações da PB e RS. Autor de "Arma Longa" e "História do Tiro"
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