Extinção
da Confederação do Tiro Brasileiro
1.
Criação da Diretoria Geral do Tiro de Guerra
A Confederação do Tiro Brasileiro (CTB) apesar de
ter sido muito ativa não teve uma vida muito longa e acabou
sendo extinta em 1917. Foi substituída pela Diretoria Geral
do Tiro de Guerra, órgão com uma estrutura nos moldes
de uma organização militar, permanecendo diretamente
subordinada ao Estado-Maior do Exército.
A
Diretoria era responsável pela instrução
e a normatização das Sociedades de Tiro, mesmo papel
desempenhado pela Confederação do Tiro Brasileiro,
porém com maior autonomia e recursos. As Sociedades de
Tiro, implantadas dentro dos Tiros de Guerra, continuaram com
a mesma missão de transformar os sócios, atiradores
civis, em reservistas do Exército a um custo bem inferior
ao do soldado formado nos quartéis. Ainda hoje o Exército
Brasileiro mantém este mesmo sistema de recrutamento, formando
reservistas através dos Tiros de Guerra, espalhados pelo
interior do País. As prefeituras locais são encarregadas
de prestar o apoio logístico necessário para o funcionamento
do Tiro de Guerra, comandada normalmente por um sargento.
O
Coronel Olavo Manoel Corrêa foi o primeiro a chefiar a Diretoria
Geral do Tiro de Guerra e foi um grande incentivador do Tiro Militar,
promovendo anualmente concursos nacionais, com a participação
dos atiradores dos tiros de guerra. Colaborou também com
os atiradores civis e foi o responsável pela construção
do Estande do Tiro Nacional, em 1917, na Vila Militar. O Estande
Nacional desempenha ainda hoje um papel importante na instrução
de tiro de oficiais e praças das unidades militares sediadas
na Vila Militar e também sediando inúmeras competições
nacionais e internacionais de tiro esportivo, como os Grande Prêmios
e as Copas Mundiais realizadas no Rio de Janeiro, nas décadas
de 70 e 80. Possui pintada no seu muro externo a famosa e tradicional
legenda “AQUI SE APRENDE A DEFENDER A PÁTRIA”
2.
Grande Campeonato de Tiro ao Alvo
O Coronel Olavo Corrêa organizou em 03 de dezembro de 1918,
um grande campeonato de tiro no Estande Nacional, com a participação
de 431 sócios de diversos tiros de guerra e atiradores
civis especialmente convidados. Dez provas constavam do programa
do campeonato, sendo as mais significativas:
- Prova de revólver – 50 metros – alvo internacional
– 15 tiros
- Prova denominada “15 de novembro” – fuzil
mauser 1908 ou 1895 – 150 metros – alvo de 24 zonas
– 7 tiros – posição deitado
- Prova “Grande Campeonato” – fuzil –
300 metros – alvo de 12 zonas – 15 tiros em posição
regulamentar (pé)
A
prova de revólver teve o seguinte resultado:
1º) Tenente Guilherme Paraense – 106 pontos
2º) Alberto Pereira Braga – 91 pontos
3º) Dr. Afrânio Costa – 89 pontos
4º) Tenente José Soares Neiva – 72 pontos
5º) 1º Tenente Demerval Peixoto – 70 pontos
Naquela
época, era comum os atiradores civis competirem vestindo
uniformes militares, com culote e botas, representando os tiros
de guerra a quem estavam filiados. Através de várias
fotografias antigas, pudemos constatar o nosso medalhista de prata
– Dr. Afrânio Costa, envergando garbosamente um uniforme
do seu tiro de guerra nas competições da Vila Militar.
A
cerimônia de premiação era realizada na biblioteca
da Diretoria Geral do Tiro de Guerra, em solenidade solene alguns
dias após o encerramento das competições
e contava com a presença do próprio Chefe do Estado-Maior
do Exército – Gen Celestino Alves Bastos e de altas
patentes militares, inclusive representantes do Ministro da Guerra.
Como
registro histórico, outras provas foram realizadas nos
Tiros de Guerras, de acordo com o calendário da DGTG. Os
TG – 05 do Forte do Leme, TG - 06 da Polícia Militar
da R. Frei Caneca e o TG – 07 da Quinta da Boa Vista organizaram
concorridas provas de tiro em seus estandes.
Convém
destacar a presença marcante de um grande incentivador
do tiro – Tenente Euclydes Zenóbio da Costa, comandante
e instrutor do TG – 05, que conquistou inúmeros títulos
nacionais competindo com fuzil de guerra, nos anos 20. O Tenente
Zenóbio alcançaria o posto de general e deu insofismável
prova de bravura como Chefe da Força Expedicionária
Brasileira (FEB), nos campos de batalha da Itália. Mais
tarde foi Ministro da Guerra do Governo Getúlio Vargas.
Outro
fato importante, ocorrido em 16 de maio de 1920, durante o Campeonato
Municipal realizado no Estande Nacional, foi a participação
da mulher no tiro esportivo, disputando prova de tiro pela primeira
vez no Brasil. Este campeonato teve os seguintes resultados:
a)Prova de Revólver – 50 metros – 30 tiros
1º)
Dr. Afrânio Costa – 214 pontos
2º) Maj Bernardo Oliveira – 188 pontos
3º) Alberto Pereira Braga – 188 pontos
b)Prova
para damas – 25 metros – 10 tiros
1º)
Srta Rosa Vigarano – 85 pontos
2º) Sra Orlando Gomes – 76 pontos
3º) Sra Heitor Vieira – 75 pontos
por Eduardo Ferreira
Recordista e campeão brasileiro de armas longas da CBTE
e das Forças Armadas. Ex vice-presidente da CBTE e da federação
do DF, ex presidente das federações do RJ e CE,
e diretor das federações da PB e RS. Autor de "Arma
Longa" e "História do Tiro"
ferreiraedu@terra.com.br