TIRO ESPORTIVO
MODALIDADE
VITORIOSA E REFERÊNCIA NA HISTÓRIA
ESPORTIVA NACIONAL.
A descoberta da
pólvora no século XIV pode ser considerada
como o marco inicial da história das armas
de fogo e a do Tiro Esportivo. Com o avanço
da tecnologia as armas de fogo foram ficando cada
vez mais seguras e precisas, culminando com a invenção
do raiamento em meados do século XIX. Logo
foram criadas as provas de tiro que se espalharam
por diversos países da Europa.
Esse movimento ensejou
o refinamento das armas e as fábricas aproveitaram
o surto da Revolução Industrial para
aprimorar ainda mais as armas de competição.
Os primeiros clubes suíços se reuniram
e fundaram as sociedades de tiro. A “Sociedade
de Tiro e a Federação Francesa”
fundada em 1884 serviu de base para a criação
da “União Internacional das Federações
e Associações Nacionais de Tiro”
em 1907, com oito países membros e tendo
como Presidente Pierre François Daniel Merillon,
antigo presidente da entidade francesa.
Anteriormente, o
próprio Barão Du Coubertin, restaurador
dos Jogos Olímpicos e um antigo campeão
francês de tiro, implantou a modalidade do
Tiro nos I Jogos Olímpicos realizados em
Atenas em 1896. Com o sucesso do evento foi realizado
no ano seguinte em Lyon o I Campeonato Mundial de
Tiro.
Após a interrupção dos Jogos
Olímpicos devido a I Guerra Mundial, o Tiro
Esportivo sofreu uma paralisação e
a União foi dissolvida somente sendo restabelecida
em 14 de abril de 1921 com o nome de “União
Internacional de Tiro”, com 14 federações
filiadas. Com a deflagração da II
Guerra Mundial, o Tiro novamente sofreu uma interrupção
somente retornando as suas atividades normais a
partir de 1947 com a realização do
Campeonato Mundial realizado na Suécia.
Merece destaque
a iniciativa do atirador sueco Karl Larsson que
por conta própria, durante a II Guerra, realizou
uma arriscada viagem, via terrestre, de Estocolmo
até Paris para recolher a documentação
da UIT e levá-la de forma segura para a Suécia,
país neutro, a fim de preservá-la
da guerra. A partir de 1947 ficou decidido que o
idioma oficial seria o inglês e com uma nova
denominação “International Shooting
Union (ISU)”
No final da década
de 80 grandes e importantes transformações
ocorreram no Tiro Esportivo, servindo para alavancar
a modalidade: mudança no formato dos alvos,
substituição das antigas silhuetas
humanas por alvos circulares; redução
dos tempos de provas; retirada das provas de fuzil
das olimpíadas; incentivo ao tiro de ar comprimido;
mudanças na regras e criação
das séries finais, inovação
mais importante implementadas pela ISU, possibilitando
o acompanhamento do público e o televisionamento
das séries das finais.
O Tiro Esportivo
cresceu muito e com o término da “Guerra
Fria” e dos boicotes ocorridos nos Jogos Olímpicos
de 1980 e 1984 houve um aumento considerável
de federações filiadas, sendo atualmente
considerado o terceiro esporte mais importante devido
as 15 medalhas ofertadas nos Jogos Olímpicos
e pelo grande número de praticantes em todos
os continentes. Em1998, durante o Campeonato Mundial
de Barcelona, a Assembléia Geral da UIT aprovou
a mudança do nome o para Federação
Internacional do Tiro Esportivo (ISSF), sendo reeleito
o atual Presidente Olegário Vazquez Raña.
O ESPORTE NO BRASIL
Em 1899 foi criado
o Tiro Nacional no Brasil com a finalidade de incrementar
a prática do Tiro ao Alvo entre militares
e civis e coordenar as atividades das Sociedades
de Tiro. A Argentina já havia implantado
este mesmo modelo anos antes com pleno êxito
e era uma cópia do modelo de serviço
militar do Exército Suíço,
aliando as obrigações do serviço
militar com as atividades esportivas. Pelo Decreto
No. 1503, de 05 de setembro de 1906, o Estado-Maior
do Exército Brasileiro criou a Confederação
do Tiro Brasileiro (CTB) com a sede na cidade de
Rio Grande. As provas da Confederação
eram realizadas no estande da Vila Militar.
Além da vertente
oriunda do Tiro Militar, a colonização
alemã e italiana ocorrida no Sul do País,
em meados do século XIX, concorreu para o
aparecimento de inúmeros clubes de tiro e
caça e pesca, promovendo competições
típicas em suas linhas de tiro como a do
“tiro ao rei”, ainda hoje presentes
nas cidades de colonização germânica
e inseridas na programação da “Oktobestfest”,
no Estado de Santa Catarina.
Em 15 de maio de
1914 foi criado o primeiro clube civil de tiro no
Rio de janeiro denominado “Revólver
Clube”, de propriedade do atirador Alberto
David Pereira Braga. No dia 3 de agosto de 1919
foi inaugurado o estande de tiro do Fluminense,
iniciativa do diretor de tiro Dr. Afrânio
Antônio da Costa, que contou com o apoio do
Presidente do Clube – Dr. Arnaldo Guinle.
Neste estande, a equipe brasileira que iria brilhar
nos Jogos Olímpicos na Antuérpia,
no ano seguinte, realizou seus preparativos e treinamentos.
Nos Jogos Olímpicos
da Antuérpia, mais uma vez a presença
efetiva e histórica do Dr. Afrânio
Costa foi marcante, pois além de conquistar
a primeira medalha do Brasil nos Jogos Olímpicos,
prata na prova de pistola livre, obteve a medalha
de bronze por equipe na mesma modalidade. Além
disso, graças à sua iniciativa conseguiu
emprestado da equipe norte-americana o revólver
que deu ao Brasil a sua primeira medalha de ouro
por intermédio do grande atirador Tenente
Guilherme Paraense.
A vida do Dr. Afrânio
foi toda ela dedicada ao Tiro: ajudou a fundar a
Federação Brasileira de Tiro em 2
de julho de 1923, recriou a FBT em 10 de julho de
1935 e foi o fundador e o primeiro presidente da
Confederação Brasileira de Tiro ao
Alvo (CBTA) em 11 de novembro de 1947 no Rio de
Janeiro com a participação de quatro
federações filiadas: RJ, RS. MG e
SP.
A CBTA viveu nestes
últimos anos momentos de lutas e incompreensão,
particularmente contra a descriminação
que este esporte olímpico ainda sofre no
Brasil por leigos e dirigentes desinformados, sendo
muitas vezes tratado como um esporte violento por
lidar com armas de fogo. No entanto a tradição
e as glórias advindas das inúmeras
e importantes medalhas conquistadas em campeonatos
e copas mundiais, jogos pan-americanos e sul-americanos,
fazem do Tiro Esportivo uma modalidade vitoriosa
e referência na história esportiva
nacional.
Convém destacar
os seguintes atiradores que se destacaram no cenário
internacional: Durval Guimarães foi um dos
maiores medalhistas nos Jogos Pan-Americanos, com
oito medalhas, sendo três de prata, cinco
participações em Jogos Olímpicos;
Marcos Olsen com 4 medalhas, sendo duas de prata
no Pan; Athos Pisoni com três medalhas sendo
uma de ouro, com recorde dos Jogos Pan-Americanos;
Marcos Olsen com quatro medalhas e duas de prata;
Jodson Edington com três com uma de prata
e Bertino de Souza com duas (ouro e prata) todos
vitoriosos no Pan-Americano
Em 04 de fevereiro
de 1994 a Confederação sofreu novas
denominações: Confederação
Brasileira de Tiro (CBT) e em 1 de dezembro de 1998,
para se ajustar ao esporte internacionalmente (ISSF),
com a denominação “Confederação
Brasileira de Tiro Esportivo” (CBTE).
Para os Jogos Pan-Americanos
do Rio de Janeiro, o COB construiu um belíssimo
e moderno estande de tiro, que recebeu o nome em
homenagem ao grande campeão de Antuérpia
– “Tenente Guilherme Paraense”
e que será o palco das próximas disputas
do Jogos Olímpicos do Rio em 2016.