CADERNETAS
DE TIRO
O
presente artigo versa sobre uma importante e antiga ferramenta
que deve estar sempre ao alcance do atirador, particularmente
ao do carabineiro que tem muitas ajustagens para realizar. Essa
ferramenta chama-se caderneta de tiro ou diário do atirador,
que deverá conter os dados principais dos ajustes de sua
arma e das suas posições. A caderneta foi lembrada
pelo técnico William (Bill) Krilling, treinador da equipe
olímpica norte-americana e instrutor do Fort Benning durante
anos, quando esteve no Brasil em 1977, contratado pela Confederação
para ministrar clínicas de tiro aos carabineiros .
O
diretor-técnico da CBTA - Alberto Braga (Tutuca) escreveu
um interessante artigo, republicado no site da FMTE -“Do
fundo do Baú.”, com suas impressões sobre
a clínica ministrada no excelente estande do Clube de Regatas
do Flamengo, atualmente demolido por decisão da diretoria
do clube para dar mais espaço para o futebol na década
de 80. Enquanto esperávamos a chegada do Krilling e do
Braga, estávamos realmente com muita ansiedade e esperançosos
pelas possíveis mudanças em nossas posições,
que certamente fariam melhorar os nossos resultados.
Ao
chegar, Krilling pediu para que nós nos arrumássemos
e que gostaria de analisar nossas posições, bem
como o nosso desempenho técnico. Ao nos prepararmos para
o tiro deitado veio a primeira observação: “onde
estavam as nossa cadernetas de tiro para o ajuste das armas na
posição deitado?”. Alguns estavam montando
a sua carabina sem qualquer anotação, fazendo tudo
de “cabeça” como diziam, outros utilizando
“bloquinhos” com anotações rabiscadas.
Chamou,
então, a nossa atenção para a importância
de anotar as regulagens das armas para aquele estande e as observações
sobre as posições de tiro ao final do treinamento.
A seguir, sentado com a sua luneta atrás de nós,
passou a nos observar atirando na posição deitado.
Após vários disparos iniciou as correções
das nossas posições e em seguida, munido de uma
chave, começou a ajustar as armas, encurtando a distância
do garfo ou dando uma inclinação no prato, alterando
também o furo da bandoleira ou até mesmo mexendo
na distância do gatilho.
Durante
toda a manhã manteve esta dinâmica, observando os
grupos de tiros e corrigindo a posição de cada atirador
ou modificando as ajustagens das carabinas. Não seria necessário
ressaltar a mudança dos grupamentos, com os tiros ficando
mais freqüentes na zona do dez. Além dessas mudanças
mecânicas procurava conversar com cada um, perguntando como
estava se sentindo, transmitindo confiança e incentivo
com os resultados apresentados.
Após
o tiro deitado, com as ajustagens transcritas na caderneta, veio
o treinamento da posição em pé, posição
mais “carente” e de menor desempenho técnico
de todos os presentes. Depois de algum tempo observando as nossas
posições e desempenho, chamou-nos a atenção
para a técnica do tiro em pé desenvolvida pelos
atiradores do Fort Benning – “bend e twist”,
ou seja inclinação da arma, facilitando o apoio
da bochecha sobre a coronha e a torção do corpo,
girando a parte superior na direção do alvo e mantendo
o quadril voltado para frente. A posição ficou mais
“trancada”, possibilitando mais disparos na zona do
nove e do dez.
A
nossa posição antiga de pé era realmente
muito instável, com o peso da arma apoiado principalmente
pela perna da frente, enquanto a perna direita ficava solta, com
o quadril projetado para o lado. Com a nova posição
ensinada , onde se procurava trazer o centro de gravidade para
dentro da projeção do corpo, os resultados começaram
a surgir, um maior número de dez e a redução
dos tiros “escapados”. Novamente a obrigação
de escrever na caderneta os novos ensinamentos e as novas regulagens.
Por
fim, passamos para posição de joelhos, com o técnico
modificando radicalmente as posições dos atiradores,
antes elevada, com a distribuição equilibrada do
peso sobre o triângulo formado pela posição,
para uma posição mais baixa e com o peso da carabina
recaindo mais sobre a planta do pé esquerdo, tornando a
posição mais estável, com menor movimento
lateral e com um maior rendimento técnico.
Ainda
guardo a minha velha caderneta de tiro, iniciada com o Krilling,
contendo alguns preciosos ensinamentos transmitidos de uma forma
objetiva, didática e convincente pelo renomado técnico
que se tornou muito estimado pelos carabineiros que tiveram a
oportunidade de serem seus alunos. Desde o “check list”
até o “sentimento da posição interior”
com itens assinalados em seu livro.
Do
seu livro “Shooting for gold”, ele chama a atenção
sobre a importância do uso da caderneta ou diário:
“A caderneta ou o diário é um dos mais importantes
acessórios do atirador.” Ele chama atenção
para inúmeros objetivos, que incluem: