Oposição
questiona suposta fraude nas eleições
do Fluminense em 2010
Benemérito
acusa o desvio de 36 votos, que
tiraram 15 vagas no Conselho da
chapa derrotada pelo
presidente Peter Siemsen no último
pleito do clube
Por
Edgard Maciel de Sá e Rafael
CavalieriRio de Janeiro
A
reunião do Conselho Deliberativo
do Fluminense na noite desta terça-feira,
no Salão Nobre das Laranjeiras,
foi marcada pela denúncia
de uma suposta fraude nas eleições
presidenciais de 2010 por membros
da atual oposição
do clube, mas que na época
do ocorrido eram da situação.
O questionamento principal é
de que 36 votos destinados à
chapa derrotada, Transforma Flu,
do candidato Julio Bueno, foram
repassados para a chapa Novo Fluminense,
liderada pelo presidente Peter Siemsen.
A consequente diferença de
72 votos na contagem final - que
foi acompanhada por três integrantes
do Ministério Público
justamente para evitar problemas
- possibilitou o chamado "capote",
que acontece quando a chapa vencedora
obtém mais do que o dobro
de votos da segunda colocada e fica
com todas as 150 vagas no Conselho.
Em
dezembro de 2010, a chapa Novo Fluminense
recebeu 1.726 votos, contra 831
da chapa Transforma Flu. Foram ainda
37 votos nulos e quatro em branco.
Segundo o estatuto do clube, para
efeito do cálculo de proporção
referente à definição
das vagas no Conselho, os votos
em branco são adicionados
à contagem da chapa vencedora.
Sendo assim, Peter obteve um total
de 1730 votos, contra 831 de Julio
Bueno e o "capote" foi
oficializado, uma vez que a chapa
derrotada acumulou menos de 50%
dos votos da chapa vencedora. Sem
a suposta fraude, no entanto, a
chapa de Julio evitaria o "capote"
e teria direito a 15 vagas no Conselho.
Denúncia
anônima e conferência
de tabelião
Estatuto
do Fluminense
Seção
V - Da Eleição
Art.
23 - § 7º
"No
caso de duas ou mais chapas concorrerem
ao Conselho Deliberativo e os votos
atribuídos àquela
que obtiver a segunda colocação
corresponderem a, no mínimo,
50% dos votos recebidos pela chapa
vencedora, estarão eleitos,
como Conselheiros Efetivos, os 135
primeiros nomes inscritos na chapa
vencedora e os 15 primeiros nomes
inscritos na segunda colocada".
Os
mais curioso e estranho em toda
a história é que as
supostas provas surgiram de maneira
anônima. Recentemente, o benemérito
Marcos Furtado disse ter recebido
uma encomenda sem remetente em sua
casa. Na caixa, segundo ele, estavam
todas as cédulas da eleição
de 2010. Marcos então convocou
um tabelião, que refez a
contagem e atestou a suposta fraude.
Antes de levantar a questão
na reunião desta terça-feira,
o benemérito também
disse que prestou queixa na 9º
DP, no Catete. Internamente, a situação
acredita que a acusação
é uma manobra desesperada
da oposição para abalar
a credibilidade da atual diretoria.
-
Em 110 anos, é a primeira
vez que isso acontece. Recebi na
ultima quinta-feira uma caixa com
dois envelopes, neles estavam as
cédulas da última
eleição presidencial,
assinadas e identificadas com os
respectivos votos de Peter (Siemsen)
e Julio Bueno, além de brancos
e nulos. Consultei um advogado,
que me indicou procurar um tabelião,
e ficou constatado que houve um
erro na contagem dos votos, mais
precisamente 36. Um número
é pequeno em relação
a uma vitória expressiva
da atual presidência, mas
que há dois anos vem prejudicando
15 associados, que deixaram de ter
direito a suas vagas no Conselho.
Atendendo a orientaçao do
advogado, entreguei os votos na
9ª DP para a devida investigação.
Faço a convocação
desse Conselho para reparar o dano,
e estou à disposição
para mostrar documentos - declarou
Marcos Furtado durante a reunião
desta terça.
Furtado
solicitou ainda a criação
de uma comissão para companhar
a investigação policial.
O presidente do Conselho Deliberativo,
Braz Mazullo, disse durante a reunião
que seguramente os poderes do clube
vão apurar a denúncia,
mas que também é preciso
esperar o que vai fazer a Polícia,
uma vez que ela foi acionada. Por
meio de sua assessoria, a diretoria
do clube avisou que a acusação
é tão "ridícula"
que não irá se pronunciar
sobre o assunto.
Entre
os 15 conselheiros que supostamente
teriam direito ao cargo, estão
nomes conhecidos como Ricardo Tenório
(vice-presidente de futebol na arrancada
de 2009, que impediu o rebaixamento
no Campeonato Brasileiro), Julio
Domingues e José de Souza
(vice-presidentes gerais na primeira
e segunda gestões do ex-presidente
Roberto Horcades, respectivamente),
e ainda o ex-presidente David Fischel,
que comandou o clube entre 1999
e 2004. Curiosamente, alguns dos
15 nomes hoje apoiam a gestão
de Siemsen.
Fonte:
O Globo.com